“Muita gente pequena, em muitos lugares pequenos, fazendo coisas pequenas, mudarão a face da Terra.”
Provérbio africano
Usando apenas 10 palavras, descreve-te a ti mesma.
Sonhadora, generosa, impaciente, curiosa, cuidadora, empática, justa, leal, a doçura e a tempestade de mãos dadas, corajosa.
Qual seria a tua vida alternativa?
Numa vida alternativa seria guarda-florestal! Recordo-me como aos 17 anos sonhava ir abraçar árvores na imensidão do Pantanal brasileiro, e com 18 me ensinaram a procurar trilhos de lontras aqui mais perto, na nossa Arrábida (que tanto amo), e lembro-me como aquela vida me fascinava. Vejo-me a viver numa qualquer zona verde do nosso planeta, mochila às costas e o cheiro da terra à volta. Acho que desde sempre o Sagrado da floresta me habitou as veias.
Qual a tua estória preferida?
Do universo infantil, o Capuchinho Vermelho. Atualmente, e como as estórias se tornaram uma linguagem tão próxima, sinto muito como “minha” a Velha dos Ossos, da Clarissa Pinkola Estes; quando a conto emociona-me até à alma, sinto os “pés da velha da floresta” a pisar o chão e os ossos que se cobrem de carne, a carne de pêlo, e o pulo da loba quando se solta à Lua pela voz da canção.
Um lugar seguro?
O abraço de quem me ama e amo de volta. A minha casa.
Onde encontras o desfrute?
Na música, na dança. Num bom livro. Em conversas cheias de muito, de riso, silêncio, cumplicidade. No abraço e no sorriso do meu filho, no seu olhar curioso devorador de tudo. No puré de batata feito em casa, com muita manteiga. Na escrita, a alma no papel. Numa caminhada. No cheiro do mar, no sol a bater na pele. No estar com as minhas pessoas.
Se pudesses fazer uma pergunta ao Universo, que tivesses a certeza que iria ser respondida, qual seria?
Nenhuma. Prefiro que os mistérios assim permaneçam, cada vez mais, enquanto os anos passam, descubro a beleza escondida no que não sei.
O contacto com a Natureza oferece-me…
Ar, vida, imensidão e pequenez (a minha), enraizamento, protecção, colo, liberdade… é uma necessidade profunda, de que não posso prescindir.
Um ritual que faça diariamente…
Ouvir música e dançar enquanto tomo o pequeno-almoço com o meu filho. Nasceu espontaneamente e sinto que pinta o meu dia com mais cor e sentido.
Quando foi a última vez que deixaste a tua zona de conforto – como é que cresceste com ela?
Não foi a última, mas foi talvez a mais difícil, quando deixei emprego, casa, terra e embarquei no incerto. Descobri que sou capaz de dar a mão ao medo e respirar no meio da tempestade, quando é verdadeiramente aquele o caminho que o coração me pede.
Como é para ti um dia perfeito?
Um dia com tempo e os ingredientes certos: sol, o sal do mar na pele, brincar, descansar, família (amigos e amores), partilha, e um pôr-do-sol a espelhar rosa e vermelho nos rostos.
Qual a característica familiar que herdaste e que mais te apoia na Vida?
A força interior. Tenho colectado algumas estórias de família – que me ensinaram muito – e apercebo-me de que moram aqui gigantes, de uma ou de outra forma. Há uma capacidade de permanecer e continuar que sinto que me foi legada, faz parte de mim.
Se eu pudesse falar para a minha adolescente, aquilo que pudesse dizer-lhe era…
Não estás só, eu estou contigo.
TUTORA/FORMADORA ÁREAS DE EDUCAÇÃO MINDFULNESS E CIRCULOS DE MULHERES