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Entrevista à aluna da formação de “Instrutor de Meditação Transpessoal” – Catarina Santos – pela tutora Patricia Rosa-Mendes
Esse é o obstáculo que mais partilho com os outros pois há a ideia de que ao praticarmos a meditação vamos atingir um estado de enorme serenidade e isso, principalmente no início, não é necessariamente verdade.
O outro obstáculo teve a ver com aquele mito da meditação que é o de “esvaziar a mente” e o não pensar. E isso quase se tornava anedótico porque quando estava mais serena pensava “será que já esvaziei a mente?”, e só isso, já era um pensamento. O tal espaço vazio é às vezes um segundo, um hiato muito curto.
Sim, exatamente. E falando também com pessoas que tinham mais experiência do que eu e me podiam dar força e a sensação de que era “normal” as coisas que sucediam e que também elas já tinham passado e ainda continuavam a passar por isso. Mas mesmo com esses obstáculos no caminho, uma coisa que nunca me aconteceu foi pensar em desistir… eu sentia que era para continuar a persistir mesmo naquele “lamaçal”.
Ainda que a prática seja um pouco solitária, porque é um encontro connosco mesmos, de nós para nós, o facto de partilhar e de ter estas trocas com outras pessoas que tinham o mesmo propósito, também me ajudaram a percorrer este caminho.
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6. Hoje, como é que tu te vês enquanto facilitadora de processos de meditação?
A meditação já é uma prática integrada no meu dia-a-dia, é como lavar os dentes ou tomar banho, é natural, uma limpeza interna. Portanto, não é só uma prática formal, mas também informal, uma atitude mindfulness aplicada ao dia-a-dia.
Como facilitadora aquilo que tento é dar a mão ao outro e, de acordo com a minha experiência, apoiá-lo nesta prática.
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7. E uma última pergunta…qual é que achas que é o papel da meditação no mundo atual?
Eu quando comecei a ter estes conhecimentos da meditação só pensei “porque é que não me ensinaram isto mais cedo?”. É claro que cada um tem o seu processo e tem coisas pelas quais tem de passar, mas acho que esta prática torna tudo mais fácil em situações adversas. Mais fácil não num sentido de retirar a dor, mas nessa possibilidade de distanciamento e observação daquilo que os eventos nos querem dizer, o sentido.
As pessoas estão cada vez mais abertas, mais despertas, procuram saber e experimentar, e cada uma tem o seu tempo/momento. Eu criei agora um projeto, muito recentemente, que se chama “crescer mindful” e que será, numa primeira instância, direcionado para as crianças, para que tenham acesso a essas ferramentas. O que depois farão com elas já tem a ver com o processo de cada uma. Numa segunda instância, este projeto será também direcionado ao trabalho com os educadores.
Há dias lembrava-me que na altura do meu secundário havia a disciplina de “religião e moral”, que era opcional. Talvez daqui a uns anos, não muito longínquos, exista a disciplina de “meditação” nas escolas, também opcional. Acho que isso iria fazer muita diferença no mundo. No fundo, há que fazer o trabalho de mudança, mas de dentro para fora.
PATRICIA ROSA-MENDES
TUTORA MEDITAÇÃO – ESCOLA DE DESENVOLVIMENTO TRANSPESSOAL