“O crédito pertence ao homem que está de facto na arena, com o rosto desfigurado pela poeira, suor e sangue; que se esforça com valentia; que erra, que falha vezes sem conta, pois não há esforço sem erros e falhas; mas que se esforça realmente para lograr as suas acções; que conhece grande entusiasmo, grandes devoções; que se consome numa causa digna; que, no melhor dos casos, conhece no final o triunfo dos grandes feitos e que, no pior dos casos, se falhar, pelo menos falha enquanto ousa ser grande….”
Theodore Roosevelt
A história de Olga Murray fala-nos de propósito, daquilo que nos acalenta a alma e, quem sabe, estende o caminho à longevidade do corpo.
Prestes a abraçar os 98 anos, Olga ficou viúva aos sessenta e muitos, e decidiu ir fazer trekking para as montanhas do Nepal. Foi nessa aventura, a primeira de muitas e que desencadeou a história fantástica do resto da sua vida, que caiu, partindo um tornozelo, e teve de ser levada às costas, num cesto, pelo sherpa que a acompanhava, até à aldeia mais próxima, um lugar remoto e muito pobre.
Acontece que, durante a sua estadia, aguardando por transporte até à cidade, se cruzou com um festival local, em que os habitantes partilhavam, nas suas melhores roupas, a pouca comida que tinham, em ambiente de festa e dança.
Por entre os festejos, Olga reparou na chegada de autocarros da cidade, onde viajavam os agentes que vinham comprar meninas entre os 6 e os 8 anos, vendidas por duas cabras ou um leitão por pais que não as conseguiam alimentar, e que o faziam com o coração embalado na promessa de que seriam entregues a famílias que as alimentariam, vestiriam e colocariam na escola.
Na realidade, eram vendidas como kamlaris, escravas que trabalhariam sem descanso, dormiriam no chão, comeriam restos e não teriam acesso a saúde ou educação, ou até para bordéis.
Olga percebeu então que todo o dinheiro que trazia, que chegava para comprar umas seis crianças, de nada serviria se as restituísse aos pais, que teriam de voltar a vendê-las; pensou então num plano a longo prazo para resgatar as meninas deste destino, algo que lhes assegurasse a capacidade de chegar à autonomia e lhes construísse, de caminho, a possibilidade de um futuro.
Foi assim que ao regressar à Califórnia criou a Nepal Youth Foundation, um lugar por onde, desde essa altura, já passaram mais de 15.000 crianças resgatadas, e onde encontram um lar, saúde e educação.
Tendo como base este projecto, Olga Murray criou programas para crianças órfãs, estabeleceu escolas e clínicas de nutrição em diversos hospitais da região.
Esta fundação ergueu ainda uma aldeia-modelo nos arredores de Katmandu – Olgapuri -, dotada de casas, escola e oficinas para crianças em risco.
De cada vez que voa para o Nepal para visitar as suas crianças, uma viagem de 16 horas que continua a fazer algumas vezes por ano, a “Mamã Olga” é recebida em festa, com grinaldas de flores, balões e a expressão da mais pura gratidão pelo seu trabalho, que continua a inspirar-lhe paixão profunda e a trazer um sorriso aos seus olhos azuis.
(fonte: Mulheres da minha alma, Isabel Allende; https://www.nepalyouthfoundation.org/ )
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OUSAR SER GRANDE – OLGA MURRAY